Voz de filhote
Ele tinha um casal de gatos, era escritor e ilustrador. Ela, dois gatos e duas gatas, psicóloga e apaixonada por livros.
Quando decidiram abrir uma editora, ela sonhou com um dos gatos dele, com o qual nunca tinha se encontrado, porque havia partido antes de se conhecerem. No sonho, ele brincava com um candelabro de cristais azuis e sorria para ela como o gato de Cheshire. Quando acordou, sabia que deveriam nomear a editora em sua homenagem.
Sisko era seu nome. Viveu dez anos. Seu miado tinha timbre de filhote. As patas eram grandes, e ele as usava com delicadeza. Personalidade felina, com manias, ritmo e agenda só dele, sem arrogância, sem pressa, oferecendo o que podia, pedindo apenas o que merecia. Assertivo, equilibrado e autêntico. Como são os gatos. Mais do que justo que ele resuma, em sua figura e nome, o que a editora Sisko sonha para sua existência e seu trato com o leitor.
Somos pequenos e autênticos. Assertivos e caprichosos. Chegamos para criar. Dar voz a quem precisa e merece. Publicar o que é relevante, o que é belo, o que instrui, o que incomoda. Mesmo que o timbre seja de filhote.